Peregrinos

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O propósito da Bíblia


A escolha de um livro e o modo como o lemos são determinados em grande parte pelo propósito do autor em escrevê-lo. Trata-se de um livro de ciências ou de história concebido para informar ou um romance destinado a entreter? É uma obra séria de prosa ou poesia pela qual o autor reflete sobre a vida e estimula o leitor a pensar também? Ele fala de algum modo significativo para o mundo contemporâneo? Ou se trata talvez de uma obra controversa na qual o autor se dispõe deliberadamente a defender seu ponto de vista? E não é só isso: o autor está qualificado a escrever sobre o assunto? Questionamentos desse tipo nos vêm com freqüência à mente quando nos perguntamos: "Vale a pena ler este livro?".
A maior parte dos livros fornece aos leitores potenciais a informação que desejam sobre quem os escreveu e por quê. Quando não é o autor que nos conta francamente no prefácio a respeito de si mesmo e do assunto do texto, o editor nos relata na contracapa. A maioria dos leitores passa algum tempo analisando essas informações antes de comprar, emprestar ou ler o livro.
É lamentável que os leitores da Bíblia nem sempre se disponham a fazer essas mesmas perguntas. Muitos parecem apenas apanhá-la e lê-la a esmo. Alguns começam pelo Gênesis e empacam em Levítico. Outros talvez perseverem obstinadamente por um senso de dever, talvez até mesmo estabelecendo (e cumprindo) a meta de ler a Bíblia capítulo após capítulo em cinco anos, mas sem obter muito benefício de seu estudo, porque lhes falta a compreensão do propósito geral do livro. De fato, muitos desistem totalmente da idéia de ler a Bíblia, ou nem chegam a começar, porque não conseguem entender como a história de um povo distante numa terra distante pode ter relevância para a atualidade.
Assim, como podemos dizer que a Bíblia — que não é um livro, mas uma biblioteca de 66 livros — tem um "propósito"? Ela não foi compilada por autores diferentes em ocasiões diferentes com objetivos diferentes? Sim e não. Há de fato uma grande variedade de autores e temas humanos. Mesmo assim, os cristãos crêem que haja um único e divino Autor com um único tema unificador.
A própria Bíblia declara qual é seu tema, dito diversas vezes em várias passagens, mas talvez nunca tão sucintamente quanto pelo apóstolo Paulo falando a Timóteo:

... desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 2Timóteo 3:15-17

Aqui o apóstolo reúne tanto a origem quanto o tema da Escritura: de onde ela vem e para onde se dirige. Sua origem: "Inspirada por Deus". Seu tema: "Útil" a todos os seres humanos. Na verdade ela nos é útil porque tem sopro de Deus — é inspirada por Deus. Num capítulo posterior, falarei sobre o tema da inspiração bíblica; neste capítulo, investigo a natureza da utilidade da Bíblia. Para esse fim, escolhi três palavras que Paulo usa — "salvação", "Cristo" e "fé"

John Stott - Autor de Entenda a Bíblia

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