Peregrinos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Teologia Quente - Por Dan Kimball


Marcando 55 minutos no relógio, eu quase bati o recorde de sermão mais longo pregado por mim. Era um sermão sobre o inferno.
Em nossa série de mensagens intitulada “teologia quente”, os tópicos eram selecionados por sugestões da congregação. A pergunta mais comum foi: “Um Deus de amor manda pessoas para o inferno?”. Isso é algo difícil de discursar em 35 minutos.
Os assuntos inferno e julgamento estão presentes em todo o Novo Testamento. Mesmo assim, não ouvimos muito sobre eles nos dias de hoje – ao menos, não na igreja. Tendemos a enfatizar outros assuntos, repetidamente, ignorando aquele, sobre o qual Jesus falava a todo tempo. Há exceções, mas pregadores anunciando “converta-se, ou você se queimará” são raros hoje em dia.
Há um episódio do seriado Seinfeld no qual o namorado da Elaine, Puddy, se torna um cristão. Ele começa ouvindo música evangélica e fica avisando insistentemente a Elaine que ela vai para o inferno. Em um determinado momento, ele pede para ela roubar o jornal dos vizinhos, pois já que ela “iria pro inferno, não tinha problema em fazer aquilo”. Elaine “explodiu” e começou a bater nele com o jornal, dizendo: “se eu vou para o inferno, você ao menos deveria se preocupar com isso!”.
Creio que Elaine esteja certa. Nós não podemos encarar o inferno como uma mera doutrina, desconsiderando a impacto humano que ela causa. O ensino sobre o inferno não deve acontecer para que as pessoas conheçam os pormenores da fé cristã, ou para que a curiosidade teológica seja satisfeita. Se cremos na realidade do inferno e no fato de que aqueles que foram criados por Deus à sua imagem haverão de viver a eternidade em comunhão com ele ou distante dele, deveríamos anunciar as boas novas do evangelho e também aquelas notícias que não são tão agradáveis.
É evidente que isso exige equilíbrio. Cristãos têm sido acusados de fazerem do inferno seu principal tópico para anunciar a salvação. Penso ser esta uma alteração do evangelho completo, anunciado em 1 Co 15. Todavia, se ignorarmos a realidade do inferno e do julgamento, faremos de um dos maiores ensinos de Jesus uma simples metáfora obscura.
Pela tendência da igreja quanto ao desequilíbrio no que diz respeito ao anúncio do inferno, além das pressuposições culturais sobre vida após a morte, iniciei meu sermão lendo com a congregação todas as passagens do Novo Testamento sobre o inferno. Isso tomou algum tempo, mas fez com que as pessoas ficassem atentas e pensativas. Nós comparamos aquelas passagens com o popular “portal do inferno” para vermos como tivemos nossas convicções influenciadas pela cultura, como o diabo vermelho com chifres e tridente, por exemplo.
Em seguida, analisamos os conceitos de vida após a morte presentes em outras culturas e confissões religiosas. Os cristãos não são os únicos que crêem no “inferno”. Apesar do crescente desconforto de nossa cultura com a idéia do julgamento eterno, não deveríamos nos constranger ao anunciar uma tese tão defendida por diversos segmentos religiosos ao longo de todas as épocas, inclusive a vigente.
Liderei a congregação em um estudo das palavras que são traduzidas por “inferno”: Jesus utilizou Gehenna, o depósito de lixo nos arredores de Jerusalém, onde os corpos eram lançados, onde os vermes os comiam e o fogo não parava de queimar.
Finalmente, voltamos para Elaine do seriado Seinfeld e destacamos o que é mais importante: a missão.
Como afirmou Charles Spurgeon, “Se pecadores haverão de perecer, que pereçam com nossos braços ao redor de seus joelhos; que ninguém experimente os tormentos do inferno sem que tenha recebido nosso aviso e nossas orações”.

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